sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tempo e Castigo...

Sentado num banco de pedra, sentia a brisa de Dezembro a passar-me por entre os lábios, o pequeno botão vermelho murcha, que ternura. Tenho esperança que ainda possa ser anestesiado, para que a dor não seja tão aliciante. Soltasse-me a injúria, faz de mim o homem mau! Para ter a possibilidade de conseguir entrar no silêncio que o fôlego faz quebrar, embrenho-me no arvoredo, de letras, denso e de amiúde conquista, e nas delicadezas de um fadista de seu nome, que por sua vontade, me faz envergar por caminhos mais insultuosos. Descarnado, a tristeza é descerrada por um equívoco… deixa-me de tal modo perplexo que me pergunto se isso ainda será possível. Uma luz vinda de trás não ilumina o caminho à minha frente, assim como uma vinda de estibordo me amolece e acalenta, toca-me por sinal de empatia. A interpretação faz o artista, o poder soberano já não é o que era, tornou-se ainda mais dissimulado. Toda a história foi um conto sem fim, mas o mesmo que foi não contínua a ser, e isto já deixou de ser uma brincadeira com soldadinhos há muito tempo. Como uma mão se relaxa num ombro alheio, todas as linhas estão demasiado tortas para poderem ser escritas, o cerco torna-se mais firme. Poemas cantados por ninguém, calúnias gritadas por saudade, um brilho ao longe sustentado por uma folha caída… A tonalidade faz-te tremer, mas então e eu? Estas aqui, mas não de alma, o perdão chega ao fim, o prazo terminou.