sábado, 27 de novembro de 2010

... não muito mais que isso!"

“...Passaram-se meses e já saldei a dívida do nosso encontro, se é que chegou a haver uma. Agora só me posso conformar com as ardósias que perdi na agitação da noite no meio das montanhas, estupidamente procurando vermelho por entre a neve. Começou numa falsa mentira, e terminou como isso. Não sei porque te estou a contar, estavas lá, assististe a tudo…
  Um, é sempre só o que poderás vir a ter, de tudo o que possas estar à espera, apesar de os desejos trazerem sempre mais, e não há que mais dar. Não existem dois nem três, mas talvez meios e metades. Sempre fizeste das minhas palavras mudas, sem sentido nem nexo. Aposto que ao leres isto, o fazes ao lado de alguém, que não eu, e que nunca voltará a sê-lo. A estima deixou de ser um templo onde podias ir desde que ridicularizaste a lei que te levou até lá, tens isso presente? Faço de ridículas as minhas palavras, falo nisto porque só assim esqueces o orgulho e passas a ler o que te escrevo. Não sou escritor nem poeta, doutorado ou licenciado, mas da asneira podem-se tirar muitas coisas, e delas já apartei deveras.
  Escolheste outro partido, melhor segundo o teu julgamento. Mudaste sem me levares contigo, deixaste-te levar e passaste-me para trás. Não quero que mudes o teu discernimento, até porque agora nenhum de nós se dará pela imitada metade. Eu porque o escolheste a ele, e ele porque o escolheste a ele. Digo isto sem amor nem remorsos, porque o que aconteceu no passado lá deve ficar, o que não me impede de continuar a devanear contigo na solidão do meu quarto. Peço desculpas pelas inoportunas desavenças, palavras e ditados, é o que me vai no ânimo.
  Nunca será o suficiente, eu sei, nem nunca serei o suficiente. Novamente hesito experiências que gostarias que guardasse só para mim, por isso resguardo as que de qualquer maneira em nada causam mudanças, para poupar a tua e a minha integridade, ou seja lá o que resta dela. Jamais direi tudo o que quero, comecei a escrever pensando que conseguiria reflectir-te tudo, mas digo que o transtorno é inevitável...
                                                     ...sem qualquer esperança
                                                                                        André””

domingo, 14 de novembro de 2010

"Muito mais que uma simples carta...

 “Hoje à noite choveu outra vez. Senti as gotas de chuvas a pesaram-me na cara e lembrei-me de como era se pudesse estar contigo novamente. Sabes? Ao contrário do que acontece comigo sei que as nuvens aí se foram e que o céu brilha agora sobre todos os que querem recebê-lo, mas pergunto-me se isso acontece contigo?
  A vida é tal e qual como o mar, umas vezes avança sobre a ignorância, e sobe sobre si mesmo, enquanto outras recua, desce, e deixa-se levar pela eloquência do teu estado de espírito, só o tempo o faz perseverar e incitar para continuar nesta estrada que só tem reconhecimento para aqueles que o querem ver, tal como a vitalidade que lhe trás na beleza, que por natureza é só sua. Nunca esquecerei o quanto aprendi contigo, as vítimas são sempre aqueles que não o querem ser e agora tenho-o muito bem presente! Imagino as crinas dos cavalos brancos, que se erguem com a chegada de cada onda e que são apanhadas pela brisa vinda do mar, e trazidas as esférulas de pura criação, abalroam a tua cara no esplendor que nasce, a única sensação que ainda sabes que é verdadeira, a vontade de viver e amar, e a cada inspiração que dás levas contigo um bocado de mim e de todos os que te querem bem.
  A água costuma criar-me um estado de ambiguidade que só é quebrado pelo sorriso que cresce e se transforma no meu intuito de existir. Saboreio o aroma doce que o vento trás consigo, sei que veio da mais importante história não sentida, nasceu em ti, segue o seu caminho por ti, e assim morre sem ti. Poderias dizer que isto não é o suficiente, mas recair a essa profundidade não te trás a luz do sol de que precisas para viver, e dessa maneira só não acontece seres venturosa, tal como mereces!
  Afinal só temos de nos lembrar de que amanhã o sol já brilha novamente, e que por nossa vontade, pode brilhar para sempre. Nunca te esqueças destas palavras que te disse, pois o mais provável é que mais ninguém venha a ter a despreza para as repetir outra vez…
                                                                      ...com confianças
                                                                                          André"

sábado, 6 de novembro de 2010

A Arte do Executo!

São fortalezas impenetráveis onde só entra quem consegue fugir à sotia vida. Em toda a causa se percorrem milhares de quilómetros para finalmente chegar ao fim e apenas sermos apunhalados pela sica de uma personagem demasiado arcaica para alguém se lembrar dela! Há sempre uma sede que actua de maneira controversa, e que desse desejo brotam somente esculturas de metades de homens. Há-de tropeçar numa altura em que a monotonia seja tal que esta se desleixe e fique mole de tanta pujança. Há um doce sabor que me amarga a boca, faz mostrar-me como o trivial que sou. Devaneios… não tenho direito eu também? Infausto e factual é sempre aquilo que nos diz o carrasco ao executar a pena. Tudo pode ser tudo o que quiseres: um risco numa folha de papel; um tempo verbal; uma nota desafinada; ou uma história que já passou (por um sinónimo referencial). De um lado do rio, o qual as margens foram apagadas, vejo a linha ténue do horizonte que se desvanece a fim de ocultar o meu motivo. Por mais que tente, nunca conseguirei indagar o seu valor tão bem quanto queria. É comigo e como toda a gente, tais devaneios soturnos que te empalam os sonhos e aleitam pesadelos. Por mais mundana que esta simples convicção possa ser, nunca será mais uma fachada que ilude os tolos e embala as senhorias. Os únicos ainda de pé são aqueles o suficientemente crédulos para acreditar que poderão comutar/orçar a alguma facção.