sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Cravos!

Com toda a agitação por estas voltas,
Acho-me sozinho e em silêncio pensando:
“Mas será que vivemos embrenhados nas moitas?”
“Ou contentados casamos amargurados chorando?”

Pensem em todos, em todos nós,
Pensem na fortuna que gozarão deste Natal.
Mas dos que falo não têm pais nem avós!
Desfrutam sim da opressão que se surge anual.

Atormentam-se com os abrolhos de egoístas cravos,
Aquilo que crianças deveriam ser, não o são!
São limpas consciências pela piedade dos centavos,
Despejo por todos vós todo meu coração…

Chegou o dia, finalmente chegou a hora.
Tentem por tudo animar, tentem sorrir,
Mas sorrir sem nunca saber quem vos adora…
É uma proposta aquém de se puder cumprir.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um pedaço de nada...

Hoje relaxo deitado na minha cama, a ouvir os finórios nas traseiras, lá fora, pela janela. Mas há um assunto que me distorce o olhar, novamente conjugue do tema dos vocábulos, das sintaxes e dos contextos da vida. Indaguei-me a mim e agora pergunto a quem quer que me responda. Primeiro pensem numa pessoa; agora perguntem-se se têm algum assunto a proferir a essa pessoa. Na desmedida parte das doses a solução é “nada”, isso seria a refutação inteligível. Mas agora, engendrando que hoje era a derradeira data, e que a partir deste instante, quaisquer circunstâncias tinham sido ultimadas… Com que então, com que ficaste para/por dizer? Aceito que já me ocorreu, mais do que uma vez, e a solução que paguei foi: “Muito mesmo!”. E qual é o resultado ao qual chegámos? …Pura impotência. Não há mais nada a fazer se não lamentar, sentar-se num banco, e chorar (se vos ocorrer poderei dar lições em como chegar a esse instante). Digo também que sou tão humano como a ruína dos homens, empreitei rasteiras e tropeções. Esses convertem-se nas feições dos rostos crus que me retêm desvelado à noite. As minhas muletas continuam a ser futilmente os sonhos, só que há traços que eu continuo sem conseguir desenhar. O meu pretérito, tal como o de quem quer que entenda esta parte desta folha de papel limpa a vista sozinho. Lá estou eu a salvar os empreendimentos falhados outra vez… Sofro duma estupidez tão desmedida que até me deparo a gritar “não é justo”, mas o que é tal justo? E novamente, volto ao meu estado de ignorante, e volto à semelhança do resto do globo, relaxando deitado na minha cama, a pensar, a sonhar, a pensar…

sábado, 27 de novembro de 2010

... não muito mais que isso!"

“...Passaram-se meses e já saldei a dívida do nosso encontro, se é que chegou a haver uma. Agora só me posso conformar com as ardósias que perdi na agitação da noite no meio das montanhas, estupidamente procurando vermelho por entre a neve. Começou numa falsa mentira, e terminou como isso. Não sei porque te estou a contar, estavas lá, assististe a tudo…
  Um, é sempre só o que poderás vir a ter, de tudo o que possas estar à espera, apesar de os desejos trazerem sempre mais, e não há que mais dar. Não existem dois nem três, mas talvez meios e metades. Sempre fizeste das minhas palavras mudas, sem sentido nem nexo. Aposto que ao leres isto, o fazes ao lado de alguém, que não eu, e que nunca voltará a sê-lo. A estima deixou de ser um templo onde podias ir desde que ridicularizaste a lei que te levou até lá, tens isso presente? Faço de ridículas as minhas palavras, falo nisto porque só assim esqueces o orgulho e passas a ler o que te escrevo. Não sou escritor nem poeta, doutorado ou licenciado, mas da asneira podem-se tirar muitas coisas, e delas já apartei deveras.
  Escolheste outro partido, melhor segundo o teu julgamento. Mudaste sem me levares contigo, deixaste-te levar e passaste-me para trás. Não quero que mudes o teu discernimento, até porque agora nenhum de nós se dará pela imitada metade. Eu porque o escolheste a ele, e ele porque o escolheste a ele. Digo isto sem amor nem remorsos, porque o que aconteceu no passado lá deve ficar, o que não me impede de continuar a devanear contigo na solidão do meu quarto. Peço desculpas pelas inoportunas desavenças, palavras e ditados, é o que me vai no ânimo.
  Nunca será o suficiente, eu sei, nem nunca serei o suficiente. Novamente hesito experiências que gostarias que guardasse só para mim, por isso resguardo as que de qualquer maneira em nada causam mudanças, para poupar a tua e a minha integridade, ou seja lá o que resta dela. Jamais direi tudo o que quero, comecei a escrever pensando que conseguiria reflectir-te tudo, mas digo que o transtorno é inevitável...
                                                     ...sem qualquer esperança
                                                                                        André””

domingo, 14 de novembro de 2010

"Muito mais que uma simples carta...

 “Hoje à noite choveu outra vez. Senti as gotas de chuvas a pesaram-me na cara e lembrei-me de como era se pudesse estar contigo novamente. Sabes? Ao contrário do que acontece comigo sei que as nuvens aí se foram e que o céu brilha agora sobre todos os que querem recebê-lo, mas pergunto-me se isso acontece contigo?
  A vida é tal e qual como o mar, umas vezes avança sobre a ignorância, e sobe sobre si mesmo, enquanto outras recua, desce, e deixa-se levar pela eloquência do teu estado de espírito, só o tempo o faz perseverar e incitar para continuar nesta estrada que só tem reconhecimento para aqueles que o querem ver, tal como a vitalidade que lhe trás na beleza, que por natureza é só sua. Nunca esquecerei o quanto aprendi contigo, as vítimas são sempre aqueles que não o querem ser e agora tenho-o muito bem presente! Imagino as crinas dos cavalos brancos, que se erguem com a chegada de cada onda e que são apanhadas pela brisa vinda do mar, e trazidas as esférulas de pura criação, abalroam a tua cara no esplendor que nasce, a única sensação que ainda sabes que é verdadeira, a vontade de viver e amar, e a cada inspiração que dás levas contigo um bocado de mim e de todos os que te querem bem.
  A água costuma criar-me um estado de ambiguidade que só é quebrado pelo sorriso que cresce e se transforma no meu intuito de existir. Saboreio o aroma doce que o vento trás consigo, sei que veio da mais importante história não sentida, nasceu em ti, segue o seu caminho por ti, e assim morre sem ti. Poderias dizer que isto não é o suficiente, mas recair a essa profundidade não te trás a luz do sol de que precisas para viver, e dessa maneira só não acontece seres venturosa, tal como mereces!
  Afinal só temos de nos lembrar de que amanhã o sol já brilha novamente, e que por nossa vontade, pode brilhar para sempre. Nunca te esqueças destas palavras que te disse, pois o mais provável é que mais ninguém venha a ter a despreza para as repetir outra vez…
                                                                      ...com confianças
                                                                                          André"

sábado, 6 de novembro de 2010

A Arte do Executo!

São fortalezas impenetráveis onde só entra quem consegue fugir à sotia vida. Em toda a causa se percorrem milhares de quilómetros para finalmente chegar ao fim e apenas sermos apunhalados pela sica de uma personagem demasiado arcaica para alguém se lembrar dela! Há sempre uma sede que actua de maneira controversa, e que desse desejo brotam somente esculturas de metades de homens. Há-de tropeçar numa altura em que a monotonia seja tal que esta se desleixe e fique mole de tanta pujança. Há um doce sabor que me amarga a boca, faz mostrar-me como o trivial que sou. Devaneios… não tenho direito eu também? Infausto e factual é sempre aquilo que nos diz o carrasco ao executar a pena. Tudo pode ser tudo o que quiseres: um risco numa folha de papel; um tempo verbal; uma nota desafinada; ou uma história que já passou (por um sinónimo referencial). De um lado do rio, o qual as margens foram apagadas, vejo a linha ténue do horizonte que se desvanece a fim de ocultar o meu motivo. Por mais que tente, nunca conseguirei indagar o seu valor tão bem quanto queria. É comigo e como toda a gente, tais devaneios soturnos que te empalam os sonhos e aleitam pesadelos. Por mais mundana que esta simples convicção possa ser, nunca será mais uma fachada que ilude os tolos e embala as senhorias. Os únicos ainda de pé são aqueles o suficientemente crédulos para acreditar que poderão comutar/orçar a alguma facção.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tempo e Castigo...

Sentado num banco de pedra, sentia a brisa de Dezembro a passar-me por entre os lábios, o pequeno botão vermelho murcha, que ternura. Tenho esperança que ainda possa ser anestesiado, para que a dor não seja tão aliciante. Soltasse-me a injúria, faz de mim o homem mau! Para ter a possibilidade de conseguir entrar no silêncio que o fôlego faz quebrar, embrenho-me no arvoredo, de letras, denso e de amiúde conquista, e nas delicadezas de um fadista de seu nome, que por sua vontade, me faz envergar por caminhos mais insultuosos. Descarnado, a tristeza é descerrada por um equívoco… deixa-me de tal modo perplexo que me pergunto se isso ainda será possível. Uma luz vinda de trás não ilumina o caminho à minha frente, assim como uma vinda de estibordo me amolece e acalenta, toca-me por sinal de empatia. A interpretação faz o artista, o poder soberano já não é o que era, tornou-se ainda mais dissimulado. Toda a história foi um conto sem fim, mas o mesmo que foi não contínua a ser, e isto já deixou de ser uma brincadeira com soldadinhos há muito tempo. Como uma mão se relaxa num ombro alheio, todas as linhas estão demasiado tortas para poderem ser escritas, o cerco torna-se mais firme. Poemas cantados por ninguém, calúnias gritadas por saudade, um brilho ao longe sustentado por uma folha caída… A tonalidade faz-te tremer, mas então e eu? Estas aqui, mas não de alma, o perdão chega ao fim, o prazo terminou.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ser solidão...

Por cada passo que dou, ouço atentamente o ecoar estrondoso do ruído que se faz sentir, e ao olhar em meu redor, sinto falta da palavra que nunca mais chega. Ainda no chão se vêem arrastadas as pegadas que se foram embora por vontade. Avanço num trilho solitário, tal como nómadas atravessam o deserto, onde tudo é sempre igual. O final é mudo, o caminho mal formado, e por um esforço tolerante, algum homónimo de qualquer semelhança deve ser sempre encontrado. Solto uma lágrima, que ninguém consegue ver. Talvez o contrário também seja plausível, talvez rodeado por milhares de pessoas me sinta sozinho. Quem sabe? Quem pergunta? À noite, um sussurro de outro equivalente acalma-me os nervos, no entanto, é a demência da mente a fazer efeito. As tempestades de areia causam-me cegueira da vontade de ver. O teu toque quente na minha pele, debaixo de uma noite fria ao luar, faz-me lembrar tudo aquilo que perdi. Dá-me a mão e livra-me de tal inconsistência. E só por cada momento que fiquei à espera, e que não mereci nada em troca, faz-me ter a certeza que também nunca o mereceste. Rebaixado para o canto da sala tenho a certeza que sou, forcado pelas tuas próprias mãos! E, para ajudar ao sentimento, a falha geral de todas as emoções é incontrolável: os meus olhos e membros são queimados pela complexidade desse acto tão cruel e egoísta. Dissolve-se a vista medrosa que escorre por entre os dedos da minha mão. “Não tenho medo da imensidão estéril, pois eu também sou o escuro da noite".                            

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Longe!

Nada faz o que deveria ser, nada é o que deveria mostrar. Pelos muros, paredes enormes e cinzentas, escondem-se as caras das gentes que me passam ao lado. A ingénua inocência do pobre rapaz, que como tudo o mais que tinha, foi despejada ao esquecimento, sem a possibilidade de um realinhamento numa vida melhor. Nunca irei merecer o teu perdão, mentes perturbadas são tão apelativas como um fósforo que nunca mais irá parar de arder. Mas era isso mesmo não era? Eu acreditava que aquele fogo dentro de mim por nada podia ser apagado, mas foste capaz de o fazer desaparecer tal como um rapazinho destrói um castelo de areia com água do mar. Se for para desistir pelo menos aprende a fazê-lo com o melhor! Palavras feitas de gelo só serviram para, através do teu olhar, fazer transparecer o espelho que usavas para cobrir a tua alma de mentiras, de maldizeres. Mas novamente, foste tu que começaste este jogo... Lágrimas coadas pelos lábios efémeros desse sentimento não têm qualquer valor, pelo menos para mim. O mesmo é exactamente isso, e aquilo que aconteceu voltará a acontecer, porque assim é a vida, há que se conformar com os factos. Mais que mutável seria o desejo de o fazer mudar, e isso sim, pode ser que traga algum entretenimento a alguém que se possa desprezar. Sei que nunca poderei retaliar as razões ainda não reveladas, mas pelo caso da dúvida, algum desrespeito terá de ser sempre condimentado. Com indiferença vejo as histórias a acontecerem à minha volta, e sei, que não quero fazer parte delas. "Traz-me felicidade e amor… pois sou carente em afectos!"


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma prega...

Cá estou eu a escrever mais uma vez sobre um assunto do qual não me enche a cabeça, que não me faz nada a não ser ter uma atitude muito pouco cívica e pouco ética. O ser Humano faz parte de uma selecção infindável de enigmas. Uns mais complicados que outros. Então que se deve fazer quando o único problema que nos servem à mesa, é nada mais nada menos que como lidar com o mais rasca que a sociedade faz nascer? Pois é, de alguma forma complicado, mas não impossível. Ver toda essa gente, com as ideias fora de prazo, dá-me uma sensação não de superioridade, mas de desdém! Acham-se maiores que os outros, mas depois de se ver bem, estão a uns bons 30cm abaixo! Pois, falo sim dos que por algum motivo pensam que alguém dispensou mais tempo na sua formação que na dos outros. Da sua boca sai sempre as mesmas respostas, a cara que vejo não mudara e não mudará, e os olhares que lançam sobre os de mais continuarão tão baixos como estiveram até agora. Detestáveis e sem rancor nenhum (será esta a melhor forma de os descrever?). Sempre ouvi que não se pode encher uma chávena que já está cheia, e o mesmo acontece nesta situação, não se pode ensinar a ver aquilo que existe à nossa volta se não conseguirmos parar de olhar para o nosso próprio umbigo! Da minha parte trago apenas um sorriso para dar a toda a gente que se atravessa no meu caminho, apesar de às vezes isso não ser o suficiente…

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O começo!

Mais um dia se passou e ainda a melancolia assombra o homem que não sabe responder àquilo que lhe pedem. Desilusão é uma das suas palavras de carácter, e à preferência do seu ser, escondem-se apenas mentiras que lutam para se libertarem do inóspito lugar onde estão guardadas. Nada pode fazer pois a confiança não é segura. Voltar a reviver aqueles momentos de tortura não é opção, mas é uma coisa que sei de certeza que voltará a acontecer. Perdido nada posso fazer para que me voltem a encontrar, talvez nem queira que me encontrem, mas não será isso então uma maneira de fugir das outras pessoas? Ou de mim próprio? Só tu consegues responder às minhas dúvidas, porque foste tu próprio quem mas deu. A respiração torna-se lenta, e o ar parece fugir de mim. Não consigo reagir, não consigo responder. Transpiro o suor do teu fracasso e carrego às costas o peso daquilo que não quiseste partilhar. O teu ser é-me estranho, quando tive oportunidade achei conseguir percebe-lo, mas não passou de uma ilusão. Ilusão essa que consegue fazer com que eu desista de tudo aquilo que consegui. Morro um pouco por cada momento que fico à tua espera, os sonhos são o único sítio onde te posso encontrar, mas mesmo assim são apenas lugares de fantasias fúteis e egoístas que não consigo controlar. Quero paz, quero descanso, mas sei que o amanhã não irá ser diferente e que o tumor que foi a tua existência não desaparecerá facilmente.

Espero que tenham gostado.