sábado, 5 de fevereiro de 2011

Levanto-me e dorme...

 Venham crianças! Juntem-se e sentem-se, está na hora de mais uma história. Era uma vez um conto, de um conto… que nunca ousei fiar, mas que vou agora contar. Era uma vez uma anedota em que fui soldado predador, era explorador de aventuras, fui cavador de enxada e até engraxador de sapatos. Mas houve um dia em que acordei, e não me quis levantar, senti-me estranho, e quis voltar a dormir, quis dormir... E sabem o que fiz? …Adormeci…
 Chamou-se (ou queria-se chamar) de contrato à fachada mal-amada. Não falo por mim, nem pelas minhas palavras, pelos meus gestos, por nada. Verbalizo com os dedos e com as mãos, pelo menos tento, não sei bem como. Eu queria tanto dormir, mas ele nem por isso. Recostei-me, debrucei-me sem crer, ia quase caindo, quase que cai, mas será que não cai? Ecoou um som, um murmúrio, oh sim… era único, breve, e fácil de perceber! Ouvi um esbarrar, lá no fundo, lá em baixo, morreu qualquer coisa, mas não sei que coisa foi. Disse-lhe, calmamente, assim: “Ouves os teus a chamar? Sentes-me a pedir? Ouves quem se perdeu suplicar? Sentes o golpe a abrir?” Ele, somente me respondeu assim: “Eu ouço, mas não sinto nada…”.
 Mais uma vez, como tantas vezes fui o desgraçado e foi o agouro. Tantas vezes fui lá deixado e lá fiquei, desmedido e ignorado. Traído… perdoado? Talvez nem tanto… Mas quando voltei a acordar estranhei, voltei-me para o outro lado, sorri, e adormeci...


 *Está fechada a porta, oficialmente, por minha conta*