terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ser solidão...

Por cada passo que dou, ouço atentamente o ecoar estrondoso do ruído que se faz sentir, e ao olhar em meu redor, sinto falta da palavra que nunca mais chega. Ainda no chão se vêem arrastadas as pegadas que se foram embora por vontade. Avanço num trilho solitário, tal como nómadas atravessam o deserto, onde tudo é sempre igual. O final é mudo, o caminho mal formado, e por um esforço tolerante, algum homónimo de qualquer semelhança deve ser sempre encontrado. Solto uma lágrima, que ninguém consegue ver. Talvez o contrário também seja plausível, talvez rodeado por milhares de pessoas me sinta sozinho. Quem sabe? Quem pergunta? À noite, um sussurro de outro equivalente acalma-me os nervos, no entanto, é a demência da mente a fazer efeito. As tempestades de areia causam-me cegueira da vontade de ver. O teu toque quente na minha pele, debaixo de uma noite fria ao luar, faz-me lembrar tudo aquilo que perdi. Dá-me a mão e livra-me de tal inconsistência. E só por cada momento que fiquei à espera, e que não mereci nada em troca, faz-me ter a certeza que também nunca o mereceste. Rebaixado para o canto da sala tenho a certeza que sou, forcado pelas tuas próprias mãos! E, para ajudar ao sentimento, a falha geral de todas as emoções é incontrolável: os meus olhos e membros são queimados pela complexidade desse acto tão cruel e egoísta. Dissolve-se a vista medrosa que escorre por entre os dedos da minha mão. “Não tenho medo da imensidão estéril, pois eu também sou o escuro da noite".                            

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Longe!

Nada faz o que deveria ser, nada é o que deveria mostrar. Pelos muros, paredes enormes e cinzentas, escondem-se as caras das gentes que me passam ao lado. A ingénua inocência do pobre rapaz, que como tudo o mais que tinha, foi despejada ao esquecimento, sem a possibilidade de um realinhamento numa vida melhor. Nunca irei merecer o teu perdão, mentes perturbadas são tão apelativas como um fósforo que nunca mais irá parar de arder. Mas era isso mesmo não era? Eu acreditava que aquele fogo dentro de mim por nada podia ser apagado, mas foste capaz de o fazer desaparecer tal como um rapazinho destrói um castelo de areia com água do mar. Se for para desistir pelo menos aprende a fazê-lo com o melhor! Palavras feitas de gelo só serviram para, através do teu olhar, fazer transparecer o espelho que usavas para cobrir a tua alma de mentiras, de maldizeres. Mas novamente, foste tu que começaste este jogo... Lágrimas coadas pelos lábios efémeros desse sentimento não têm qualquer valor, pelo menos para mim. O mesmo é exactamente isso, e aquilo que aconteceu voltará a acontecer, porque assim é a vida, há que se conformar com os factos. Mais que mutável seria o desejo de o fazer mudar, e isso sim, pode ser que traga algum entretenimento a alguém que se possa desprezar. Sei que nunca poderei retaliar as razões ainda não reveladas, mas pelo caso da dúvida, algum desrespeito terá de ser sempre condimentado. Com indiferença vejo as histórias a acontecerem à minha volta, e sei, que não quero fazer parte delas. "Traz-me felicidade e amor… pois sou carente em afectos!"


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma prega...

Cá estou eu a escrever mais uma vez sobre um assunto do qual não me enche a cabeça, que não me faz nada a não ser ter uma atitude muito pouco cívica e pouco ética. O ser Humano faz parte de uma selecção infindável de enigmas. Uns mais complicados que outros. Então que se deve fazer quando o único problema que nos servem à mesa, é nada mais nada menos que como lidar com o mais rasca que a sociedade faz nascer? Pois é, de alguma forma complicado, mas não impossível. Ver toda essa gente, com as ideias fora de prazo, dá-me uma sensação não de superioridade, mas de desdém! Acham-se maiores que os outros, mas depois de se ver bem, estão a uns bons 30cm abaixo! Pois, falo sim dos que por algum motivo pensam que alguém dispensou mais tempo na sua formação que na dos outros. Da sua boca sai sempre as mesmas respostas, a cara que vejo não mudara e não mudará, e os olhares que lançam sobre os de mais continuarão tão baixos como estiveram até agora. Detestáveis e sem rancor nenhum (será esta a melhor forma de os descrever?). Sempre ouvi que não se pode encher uma chávena que já está cheia, e o mesmo acontece nesta situação, não se pode ensinar a ver aquilo que existe à nossa volta se não conseguirmos parar de olhar para o nosso próprio umbigo! Da minha parte trago apenas um sorriso para dar a toda a gente que se atravessa no meu caminho, apesar de às vezes isso não ser o suficiente…

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O começo!

Mais um dia se passou e ainda a melancolia assombra o homem que não sabe responder àquilo que lhe pedem. Desilusão é uma das suas palavras de carácter, e à preferência do seu ser, escondem-se apenas mentiras que lutam para se libertarem do inóspito lugar onde estão guardadas. Nada pode fazer pois a confiança não é segura. Voltar a reviver aqueles momentos de tortura não é opção, mas é uma coisa que sei de certeza que voltará a acontecer. Perdido nada posso fazer para que me voltem a encontrar, talvez nem queira que me encontrem, mas não será isso então uma maneira de fugir das outras pessoas? Ou de mim próprio? Só tu consegues responder às minhas dúvidas, porque foste tu próprio quem mas deu. A respiração torna-se lenta, e o ar parece fugir de mim. Não consigo reagir, não consigo responder. Transpiro o suor do teu fracasso e carrego às costas o peso daquilo que não quiseste partilhar. O teu ser é-me estranho, quando tive oportunidade achei conseguir percebe-lo, mas não passou de uma ilusão. Ilusão essa que consegue fazer com que eu desista de tudo aquilo que consegui. Morro um pouco por cada momento que fico à tua espera, os sonhos são o único sítio onde te posso encontrar, mas mesmo assim são apenas lugares de fantasias fúteis e egoístas que não consigo controlar. Quero paz, quero descanso, mas sei que o amanhã não irá ser diferente e que o tumor que foi a tua existência não desaparecerá facilmente.

Espero que tenham gostado.