domingo, 27 de março de 2011

Ninguém morre duas vezes!

Ninguém morre duas vezes, disse-me a felicidade ontem ao jantar. “Quem é poeta não merece”. E eu, que nunca encontro as palavras para rimar os poemas que não escrevi, qual será o meu destino? De madrugada não há nada com que conversar, só um alento me alarma e me empurra, encolhe, rebaixa para debaixo do chão, para a sepultura, e é preciso ser morto-vivo para rastejar de lá para fora. Ninguém morre duas vezes. Mas mesmo assim, notei que as lápides tinham sido roubadas, e as deixadas para trás, tombadas, não tinham nome. Fechei os lábios pelos anónimos esquecidos, e até este dia não encontrei palavras que pudesse rezar. Ninguém olha de frente para o espelho. Ninguém sabe que nome tem. Nunca ninguém ouviu os gritos sentidos, que não me deixam dormir. Ninguém morre duas vezes. Arranquei um pedaço de história, quando ouvi o carro chegar quarta-feira à tarde. A última pétala já caiu, o relógio já tocou, a música já acabou.

5 comentários:

  1. qualquer pessoa que ler este ou qualquer um dos teus textos reconhece que tens um grande dom para a escrita, e percebe que um dia vais ser autor super famoso porqe tens um enorme talento, um dom raro, que faz com que escrevas lindamente :)

    acho que este texto é, dos que já escreveste, o meu preferido, está maravilhoso, obrigada por nos dares a oportunidade de lermos algo tão bonito *.*

    beijinhos *

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  2. Muito fixe, está mesmo fixe^^
    Muito bem, escreves muito bem, concordo com a Margarida!!! Continua a escrever, não dessitas, apesar de perder a maior parte das apostas, sei que não vou perder esta, és e vais ser um grande escritor!
    Do teu amigo
    Daniel brandão :D

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  3. esta digno de uma obra, como todos os outros! escreves mesmo MUITO bem...e sim, mereces mesmo os parabéns! são raras as pessoas que conseguem escrever desta maneira como tu *.* :D

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