segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os poemas que não te escrevi...

Sempre que me levanto, sempre que acordo de manhã, sinto uma falha medonha de algo. Vê-se nos meus olhos, no seu reflexo, trespassa-lo, e sente-se no meu toque, quando pego no lápis, repete-lo. Sinto um vazio medonho de leitura e de escrita. Depois lembro-me daqueles dias, daquela altura distante, do teu olhar cruzado no meu, e do teu sorriso a melindrar a seriedade, e dos poemas que não te escrevi por não ter vontade. Tantas palavras sem timbre, tal sensibilidade perdida. Tantas folhas em brancura oca, tal originalidade prostituta. Sempre que adormeço estão ainda lá aquelas sombras, daquelas palavras coitadas, que não conseguem ser rimadas. Mas porquê? Mas que incómodo todos os dias? É verdade, não há teatro nem ilusão, não há grande volta a dar às cantigas que não trovei. Ao lume das estrelas não há muito que contar, tu sabe-lo muito bem. E mesmo assim arrependi-me, como se tivesse pecado, como se tivesse falhado um erro condenável. Mas porquê? Pois bem… quando receberes todas as cartas com todas aquelas listas escritas, todas bem preenchidas, todas bem recheadas relembra as origens do que perdeste, do que não quiseste ler, e dos poemas que não te escrevi. E neste instante fico a pensar, nas causas ou motivos para não escriturar ainda. Como de noite ou de dia… à luz das velas outra vez… aquela saudade de outrora, de escrever poemas que um outro não fez.

2 comentários:

  1. és um dos meus escritores favoritos!!! ^^ continua assim, porque como tu, não há muitos! e como sempre, o texto esta espectacular ^^

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